ÉPOCA - Você usa a mesma fórmula há anos, o que este filme traz de novidade?
Renato Aragão - A novidade é a minha volta. Porque parei muito tempo, seis, oito anos, por aí. Então desde O Noviço (Rebelde) eu tenho marcado a minha volta ao cinema, uma segunda fase.
ÉPOCA - E quanto ao boato de que o resultado inesperado de seu último filme (O Trapalhão e a Luz Azul foi visto por certa de 700 mil espectadores) teria feito você desistir de fazer cinema? Isso é verdade?
Renato Aragão - Não. O meu último filme, Os Trapalhões e a Luz Azul, foi prejudicado por um excesso de mídia. Eu vinha com bilheteria crescente e queria continuar assim. Então, pus muita mídia, inclusive passando trechos inéditos do filme no meu programa. Fiz uma besteira e prejudiquei o meu filme. Eu acho que foi isso, porque quando o filme passou na televisão ele deu 50 de índice. Então ele é bom, igual aos outros. O problema foi que eu adiantei o filme e as crianças perderam o interesse. Usei quase metade do filme no programa, foram quatro semanas passando. Esta é a minha justificativa, a única que eu consigo encontrar. Na televisão, Os Trapalhões e a Luz Azul deu mais índice do que todos os outros. Se o filme fosse ruim, aquém dos outros, não teria dado um índice tão alto. Então, gato escaldado tem medo de água fria né? Com este novo filme estou fazendo diferente.
ÉPOCA - Qual foi o orçamento do filme?
Renato Aragão - Não sei. O filme foi terceirizado. Eu poderia ter feito na minha produtora, mas estou com muita tarefa por causa do programa. Quem sabe isso é a Diler produções (Segundo Diler, o filme custou 5 milhões de reais).
ÉPOCA - O filme foi financiado por quem?
Renato Aragão - O dinheiro veio da Columbia, que é um eterno parceiro nosso e de recursos da Diler produções (De acordo com Diler Trindade, algumas empresas investiram seus impostos no filme).
ÉPOCA - Onde, como foram feitas as filmagens e quanto tempo durou?
Renato Aragão - Foi em tempo recorde, um mês e pouco. 70% do filme foi gravado na minha casa, em Pontal, o resto foram externas, na rua, na praia, tudo no Rio de Janeiro. Este filme foi mais rápido porque não foi filmado em película, foi usada tecnologia digital.
ÉPOCA - Como foi a escolha do elenco?
Renato Aragão - Gosto de ter sempre gente nova. Um terço do elenco é estreante. Mas quem escolhe é o meu filho, o diretor Paulo Aragão. Não me meto muito nisso. Gosto de palpitar no roteiro. Dos 42 filmes que eu fiz, quarenta eu tive grande participação no roteiro. Acho que metade deles eu escrevi todo. Mas depois entrego na mão do diretor e aí é ele quem decide.
ÉPOCA - E você pretende ficar parado por muito tempo?
Renato Aragão - Não. Já estou preparando um novo filme. Vai ser Didi na Ilha Misteriosa. Um filme com muitos efeitos, fantasmas. O Didi vai à uma Ilha acampar com uma crianças, só que o dono dessa ilha tem fantasia de ser pirata. Terão lutas com fantasmas, como um gasparzinho, só que bem escrachado. Este não terá romance e drama como o Cupido, será só comédia.
ÉPOCA - Você tem uma relação forte com a questão social. Qual o papel social desse novo filme?
Renato Aragão - Nenhum. Eu quero levar entretenimento, ser um cúmplice das crianças nas férias e não um professor. As crianças não querem professor nos períodos de férias, elas querem se divertir. Levo entretenimento e, quando dá, coloco alguma coisa assim, educativa.
ÉPOCA - Você faz filmes de entretenimento, sem grandes preocupações didáticas, por opção ou é um conflito com a busca por boa bilheteria?
Renato Aragão - Eu não busco bilheteria. Eu quero fazer filmes que deixem as crianças felizes. Desejo é não decepcionar. Se a bilheteria vier junto, aí é ótimo, mas não é minha principal preocupação.
ÉPOCA - Por que você escolheu o Espaço Criança Esperança para a pré- estréia do filme?
Renato Aragão - Ah, nada melhor do que um lugar criado pelo UNICEF e pela Rede Globo. Este espaço existe em São Paulo e no Rio e desde a sua criação já estava decidido que todas as minhas estréias seriam ali, para aquelas crianças carentes, que moram ali perto, naquela periferia.
ÉPOCA - Como você faz para conciliar seu trabalho de artista e os projetos sociais?
Renato Aragão - Ah, é difícil. Tenho que multiplicar meu tempo. Mas quando a gente quer, arranja-se um jeito.
ÉPOCA - Em relação a esta fórmula de parodiar clássicos, sempre foi assim, não é?
Renato Aragão - É, durante muito tempo eu fiz paródias de temas de As Mil e uma Noites. Depois tiveram outras coisas como o Saltimbancos. Mas este do Romeu e Julieta foi modificado porque o filme tem um drama muito forte. Então eu coloquei o Didi como um conhecedor de ervas e que tem, entre elas, um remédio para catalepsia. Tirei o veneno do filme e coloquei um remédio para dormir. Assim a história fica bem feliz.
ÉPOCA - Então o público não precisa se preocupar, porque você não vai parar de fazer filmes.
Renato Aragão - Não. Vou fazer um por ano. Quero dizer, eu pretendo. |