Roberto Guilherme, em entrevista ao TH Revista, conta sua trajetória na televisão e fala dos amigos Renato Aragão e Dedé Santanna

Thell de Castro/TH Revista

Confira o depoimento completo de Roberto Guilherme:

 

Início da carreira e como conheceu Renato Aragão

 

A história começou nos anos 60, quando eu era sargento pára-quedista, jogava futebol pelo Vasco da Gama e participava de eventos escrevendo e dirigindo espetáculos para o pessoal. Eu fazia porque gostava. Um belo dia, fui convidado para fazer um teste em uma das maiores emissoras do Rio de Janeiro na época, a TV Rio. Fiz o teste, passei, gostei do trabalho e abandonei a farda de sargento, o futebol e fui me dedicar à arte. Eu fazia teatro na época. Logo em seguida, entrei para a linha de espetáculos e shows da TV Rio e dei continuidade, fazendo os maiores programas da época.

 

Entre 1963 e 1964 fui para a TV Excelsior, onde conheci o Renato Aragão e o Dedé Santanna. Criamos um programa na época, com o Ted Boy Marino, Vanderlei Cardoso, Ivon Cury, que chamava-se Adoráveis Trapalhões e tínhamos paralelamente um outro programa, chamado Os Legionários, com a mesma equipe. Daí, nós começamos a fazer na TV Record, de São Paulo, a mesma atração. Nesta época, o vídeo tape estava engatinhando. Nós fazíamos ao vivo, era teatro mesmo. Não existia aquilo ‘desculpa, errei, vamos fazer de novo’. Era direto com o público, auditório e com ingresso cobrado, cerca de 1.500 pessoas no auditório. Era gravado também e depois montado. Era muito difícil errar, porque o elenco não errava mesmo.

 

Existe muito pouco material sobre a TV Excelsior. Ela foi uma potência na época, como afirmam a maioria das pessoas quando se fala do assunto?

 

Tremendamente. Talvez a TV Excelsior foi o que a TV Globo é hoje. Uma expoente na comunicação deste país, que tinha o que havia de melhor no mercado em tudo. Era uma brilhante emissora, maravilhosa, que deu uma dimensão muito grande no mundo do espetáculo, da novela, do esporte, do noticiário, enfim, a TV Excelsior foi uma excelente emissora. É uma pena que foi mais uma daquelas que acabaram.

 

Nos anos 60, na época dos espetáculos ao vivo, o que fazia a diferença?

 

Eu acho que ao vivo a criatividade era melhor, mais espontânea, porque, inclusive, o público participava diretamente. Com a participação da platéia, o elenco tirava muito mais partido e se engrandecia, porque nós aprendemos com o público. Quando você fica restrito ao estúdio, fica limitado. Hoje em dia é muito limitado.

 

Como é trabalhar na TV Globo por tantos anos?

 

Eu estou na TV Globo há 23 anos, fui pra lá passar dois e estou há 23, feliz da vida por pertencer a uma empresa de elite, onde apresenta-se o que existe de melhor. Atualmente, estou fazendo o Zorra Total, um programa líder de audiência e continuo firme como personagem direto de A Turma do Didi.

O início de Os Trapalhões Amizade com Renato Aragão

 

Nós somos, além de companheiros de trabalho, amigos e cumpadres. Somos irmãos, temos uma amizade e um carinho especial muito grande um pelo outro. Eu tenho pelo Aragão um carinho todo especial por aquilo tudo que convivi com ele e por tudo que o Aragão é. A gente aprendeu a se amar, respeitando um ao outro.

 

Contato com Dedé Santanna

 

Eu ainda tenho bastante contato com o Dedé Santanna, somos amigos.

 

Futuro do humor na televisão e as campanhas contra baixaria

 

A palavra-chave do futuro é acabar com a baixaria porque a televisão é uma professora. Não precisamos de agressão, baixaria. Queremos uma professora que nos dê diversão, que mostre o caminho do amor, da fraternidade, da igualdade, da educação e do respeito ao semelhante. Essa é a finalidade e função da televisão. Não apenas dela, mas também da imprensa escrita e falada. Estão esquecendo a base da vida: a família. A gente tem que resgatar a união e a família. É preciso fazer uma união social, que infelizmente está sendo perdida. Vamos acreditar em Deus, conversar com o ‘homem lá em cima’. O brasileiro precisa parar de chorar, tem que rir muito. Solucionar para rir na frente, pois atrás da montanha mais escura vamos encontrar felicidade.